A ermida de São Vicente, no lugar do mesmo nome, teria sido igreja paroquial da freguesia.
O edifício da igreja mostra todos os vestígios do românico. Atribui-se ao século XI ou XII a sua construção.
Aqui, nesta estação da Geira, sobre uma elevação alcantilada onde melhor que em qualquer outra parte tão justamente se erguera um padrão românico do Cristianismo.
É notável a espessura das suas paredes.
Verifica-se que a capela-mor foi reedificada; que por meio de um grande arco, de volta inteira, rasgado na empena de nascente, foi-lhe aberta e anexada, espécie de nave, a capela que foi do Santo-Cristo; e edificada a torre em meados do século XVIII.
Por baixo da janela-sineira, à parte oriental, tem uma lápide de mármore, onde diz o seguinte: “Esta torre foi mandada restaurar no ano de 1931 pelo Benemérito filho desta freg.a o Ex.mo Snr. José António Rodrigues Amigalhaço. Os habitantes de Caires como preito de profunda e sincera gratidão agradecem reconhecidos”.
Tem um bonito “relógio de sol” de pequeno formato.
No vértice do telhado da igreja, à altura do arco-cruzeiro e no topo da capela-mor estão duas “cruzes-terminais” que caracterizam o românico de toda a fábrica primitiva.
Em parte, os beirais ainda são sustentados por cachorros.
O pavimento da capela-mor é todo lajeado a pedra, deixando ver três amplas pedras sepulcrais anepígrafas; daí para o fundo está todo coberto de soalho. A artística base da pia batismal é um belo espécime, com lavores talhados em fino granito.
Além do altar-mor, tem seis laterais, metidos em desvãos cavados na grossura das paredes:
O 1º do lado do Evangelho, do Coração de Jesus e Maria; o 2.° de N. S. de Fátima, construído recentemente por artista local; o 3.°, também recente, de S.ta Terezinha do Menino Jesus.
Do lado da Epístola o 1° de N. S. do Rosário e Almas do Purgatório, com um moderno retábulo invocativo das mesmas.
Em dois nichos, um de cada lado à altura da grade que divide o corpo da igreja: S. Sebastião e Santa Filomena.
Sobre o arco grande da já referida nave, dois altares que formaram a capela do Santo-Cristo, transferido para a capela de S. Bento, a qual fica à margem da estrada, a uns 100 passos da matriz; e assim passou a ser de S.to António, o da direita de quem entra pela porta lateral; o da esquerda, do Senhor dos Passos. Superiormente, estes dois altares estão ligados por uma sanefa que protege uma larga fresta envidraçada.
Fora desta porta, como a servir de capacho, está uma lápide funerária românica, com ligeiros traços da gasta inscrição. Foi desenterrada junto à base da torre, ao pé da respetiva escada.
Em outros nichos dispersos estão ainda algumas imagens, como a de S. Roque, S. Brás e N.ª S.ª da Conceição e a de S. Teotónio, que já teve festividade em seu dia próprio, 18 de fevereiro, mas caiu em desuso.
No altar-mor, à base da tribuna, está um grande retábulo moderno, da invocação da Padroeira - N.ª S.ª da Purificação.
A Confraria do S.S Sacramento seria das primeiras que se criaram “Entre-Homem e Cávado”, pois foi instituída em 21 de setembro de 1629. Tem estatutos muito antigos entre o seu volumoso arquivo de maços de contas, livros de atas e registo de confrades.
Possui cruz privativa, bandeira, opas vermelhas de seda e outras insígnias, como seja a vara de prata do respetivo juiz.
Caires teve ótimo passal e residência, que foram vendidos na mudança do regime; por isso a freguesia teve de adquirir, à sua custa, um prédio no lugar do Paço, destinado à instalação do seu pároco.
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In Silva, Domingos - "Monografia do Concelho de Amares"
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